Estamos em plena semana mundial do aleitamento materno, que decorre sempre entre 1 e 7 de Agosto e é celebrado em quase 200 países.
O mote deste ano é “Empower parents, enable breastfeeding” e pretende-se, principalmente, promover a importância de criar condições favoráveis às famílias, para que a amamentação seja possível e que a rede de apoio seja maior e mais eficiente.
Antes que me estranhem, não vou aqui dizer que todas as mães devem dizer “mamas, sim, a qualquer custo” ou “dessa fórmula não beberei”, porque sou a primeira apologista a fazermos escolhas dentro do bom senso. Quer da primeira vez, quer da segunda, amamentei enquanto tive o que fosse de leite (ou colostro), mas desde os poucos dias de vida que as minhas filhas começaram a levar com o suplemento como prato do dia. Nos restantes dias, dei uso à bomba para tirar o que houvesse. Sabe só quem passou por isso o quanto custa andar de mamilos gretados enquanto um bebé esfomeado tenta sacar leite quase inexistente à força (porque a sua sobrevivência depende disso).
No entanto, cumpre-nos saber que a amamentação promove uma melhor saúde, tanto para mães como para crianças e, para além disso, é mais barata. Quer a OMS fazer saber que um aumento do aleitamento materno para níveis quase universais pode salvar mais de 800.000 vidas anualmente (maioritariamente bebés até aos 6 meses).
Há também uma relação entre a amamentação e a diminuição do risco das mães desenvolverem cancros da mama e ovário, assim como diabetes tipo 2 e doenças cardíacas. A OMS estima que um aumento da amamentação na poderia evitar 20.000 mortes maternas.
Podemos ler no site do Serviço Nacional de Saúde que o incentivo ao aleitamento materno passa, entre outras medidas, “pelo reforço das licenças de maternidade e paternidade para promover a responsabilidade compartilhada, bem como pela criação de locais de trabalho «amigos da amamentação», que disponibilizem tempo para amamentação e espaços seguros, privados e higiénicos para a extração e armazenamento de leite materno”.
Eu diria que, para além disso, passa pela consciencialização sobre as dificuldades da mãe no aleitamento, principalmente no primeiro mês de vida da criança. Pela minha experiência, pouco ou nada se fala sobre a amamentação durante a gravidez. E depois da criança nascer, interessa ir apalpar as mamas da mãe e dizer que ela não está a fazer bem ou que tem que insistir até à exaustão.
A cada 10 pessoas, 9 querem mandar o seu palpite sobre a amamentação, mas apoiar e informar nem ver. Um dos melhores conselhos que me deram foi consultar o Cantinho da Amamentação da minha área de residência. Podia ter sido algo mencionado nas consultas no centro de saúde, mas não; se não era uma colega de trabalho que também passou por um período difícil durante a amamentação, desconfio que nem sabia o que era o Cantinho.
A OMS recomenda a amamentação exclusiva, que deve começar na primeira hora após o nascimento, e que deve continuar até o bebé completar seis meses de idade.
DEVE, mas não é obrigatória e não é por não o conseguirmos fazer que os nossos filhos vão ser enfermos ou incapazes. Não é por querermos muito ou simplesmente insistimos que o nosso corpo vai começar a produzir leite como se não fosse amanhã. E posso atestar que nem todas temos uma produção leiteira no corpo, por mais vontade que tenhamos. E também não é por não querermos passar por isso que somos menos do que as outras (não foi o meu caso mas poderia ter sido). Cada uma tem as suas razões.
A favor da amamentação, sim, mas em nada contra os suplementos. Os bebés têm que comer, sejam alimentados na mama ou no biberão.
Foto: SNS