Há uns dias, participei numa dinâmica de grupo com pais de crianças pequenas e falámos um pouco sobre as comparações entre pais e entre filhos.
Há coisas tão inevitáveis como nós acharmos os nossos filhos os melhores do mundo e, ao mesmo tempo, sentirmos uma incompetência abismal para os educarmos e cuidarmos quando alguém saca de uma informação nova para nós. Pelo menos nos primeiros tempos do primeiro filho, é muito provável que isto aconteça – depois começamos a ganhar filtros, a perceber quem nos norteia e a coisa vai ao sítio.

Aqui há uma coisa que acho que joga imenso com as nossas perceções, se não tivemos alguma distância (mental) ao que ingerimos: as redes sociais. Ora vemos o lindo e perfeito, os super-pais que fazem e acontecem e tudo é maravilhoso; ora vemos o terrível, os pesadelos de tudo o que a nossa vida poderia ser, e que avisarem-nos dessas coisas é, no mínimo, a missão de vida de algumas pessoas.
Mas é coisa que nos vai acompanhando: afinal onde está o “normal”? Será que, por não teremos noites terríveis nem birras de nos tirarem a última gota de paciência no meio de um supermercado cheio de gente somos acima do normal e somos super-pais? Ou será que, por perdermos a paciência 15 vezes no mesmo dia somos, na verdade, os piores pais do mundo?
Do meu prisma – e vale o que vale – acabamos por ser “pais mais ou menos”. Nem somos super pais que andam de capa posta pelo mundo fora a salvar todas as criancinhas que precisam de parentalidade mega positiva e assertiva, nem somos o pesadelo da parentalidade (vamo-nos esquecer, por um minuto que coisas destas acontecem).

A verdade cai muito aqui: nem é tudo, nem é nada. Na grande maioria dos leitores, estamos no geral da população que tanto tem dias ótimos com os filhos, como tem momentos de os visualizar (mentalmente) a voar janela fora. Está ótimo assim.
Sobretudo, que esteja ótimo sem nos rotularmos. Eu andei rodeada de pais com rótulos entre os amigos e familiares: os mindfulness, os completamente Montessori, os ambientalistas, os completamente liberais, os tudo e mais alguma coisa. Identifiquei-me na totalidade com zero e parcialmente com alguns. No fundo, eu sou eu e educo as minhas filhas da forma que encontro melhor – e acreditem que há muita tentativa e erro e que tenho que me dar chapadas muitas vezes porque agi como não queria, ou porque fiz o oposto do que seria mais adequado ou até porque algo era tão óbvio e eu não o vi. Mas sou eu, e aprendo com isso.
E aprendi a aceitar e a lidar com dias melhores e piores. Considero importante encontrarmos este ponto de aceitação connosco mesmos.