Isto de ter filhos com idades próximas varia entre ser uma grande ideia e questionarmo-nos “porque é que eu fiz isto à minha vida?” frequentemente, enquanto encontramos pelo meio um número imenso de “comparações que nunca faremos mas que acabamos por fazer constantemente porque é inevitável”.
Até ver, há mais vantagens do que desvantagens – quando nos livramos de alguma coisa do mais novo, sejam biberões ou cadeirinhas de bebé, elas seguem o seu caminho e nós fechamos pequenos ciclos de dever cumprido -, mas a nossa sanidade vai teimar em dar-nos lapadas a cada passo. Se nos abstrairmos a coisa até flui.
Utilizem as ferramentas que melhor funcionarem convosco: ir à casa-de-banho insultar a vida durante 2 minutos, mandar abaixo um copo bem cheio de vinho de rajada, ou até enviar um áudio claramente demonstrador do quão a vossa sanidade já zarpou para outro continente às 3h da manhã. Tudo vale.
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Em que é que isto tem a ver com o título deste artigo? Tudo.
Portanto, vamos até 2019: eu ainda grávida e a minha filha com quase 2 anos. Pessoas muito preocupadas com a minha vida diziam “com 2 anos ela já devia ir ao pote” ou “não tarda os amigos já não usam fralda”. Eu, como muito frequentemente ainda faço, dava uma de pinguim do Madagáscar.

Certo é que um ano depois, fechados em casa por causa da pandemia, conseguimos avançar mais neste processos da independência e, uns meses mais tarde, estava tratado. Este processo do desfralde da mais velha ensinou-me a ter muita paciência, a perceber como é que a maturidade da minha filha se estava a desenvolver, e a tratar esta fase com algumas ferramentas mais criativas para que fosse algo natural (em vez de destrutivo).
Avancemos um ano, até ao Verão de 2021. Pipoca mais nova com 2 anos feitos e um ódio ao pote que nunca tinha presenciado – talvez algum recalcamento que eu desconheça ou então apenas pura teimosia.
Comecei a fazer o mesmo exercício que fiz inicialmente com a irmã: habituar a estar sentada no pote, coisa que até foi simples da primeira vez. Afinal de contas é só estar sentada; fácil, não?
Até isso acontecer – estar simplesmente uns 5 minutos sentada no pote – foi mais de um mês de insistência diária com ela, porque ela fugia, lutava, berrava e fazia de tudo para não ficar com o rabo sentado no pote por mais de 30 segundos. Demorou mas lá chegamos.
Importante nisto é valorizar quando de facto sai alguma coisa – o que aconteceu pela primeira vez meses depois disto – e perceber que também podemos limpar aquele suor de nervos que nos fica todos os dias a escorrer porque nada acontece… Até ao dia em que temos uma vitória!
Agora, em 2022, aqui estamos nós na fase que achei mais desafiante com a irmã: fazer com que ela perceba que tem controlo do lado dela e que pode esperar e pedir para ir ao pote ou à sanita. Já dei voltas à minha criatividade com esta – mas, voltando a um ponto acima, a maturidade dela ainda não está no ponto. Chatice.
Por isso, é respirar fundo, dar um pouco de espaço à mente e à paciência e tentar não comparar demasiado as situações. Aprendendo a lidar com pessoas diferentes.
Uma coisa é certa: será um dia muito feliz quando deixar de comprar fraldas. 😏
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