Acabei de ler um artigo de um CEO de uma grande empresa em que ele dizia que “networking não era algo fácil – mas pode ser algo que se aprende a fazer”.
Apesar de, na empresa onde trabalhava, estar responsável por organizar um ciclo mensal de partilhas, assim como alguns outros eventos internos, não sou uma pessoa que facilmente vá criar conversa ou encher um vazio com palavras com qualquer pessoa.
Um pouco por necessitar de sair da minha bolha, e outro tanto por querer conhecer outras realidades e partilhar desafios, em julho ou agosto do ano passado inscrevi-me numa plataforma chamada Lunchclub.
É uma plataforma que junta pessoas, pelos seus interesses, para conversarem em vídeochamada durante cerca de uma hora. Depois disso podem manter contacto ou referenciar-se profissionalmente, se assim o entenderem, mas o maior proveito que tiro daqui são mesmo as possibilidades de trocar ideias com outra pessoa que nunca nos viu na vida, a imensos quilómetros de distância.
Indo atrás…
Portanto, fazer conversa fiada não é algo que me saia naturamente, nem sequer o ir cumprimentar uma pessoa estranha do nada – e sei o que me custou ir a alguns eventos e procurar fazer algum networking (porque também faz parte e, às vezes, saem dessas conversas coisas muito interessantes). O exercício de introversão com exposição paira aqui, e nem sempre é simples. Mas, sim, adoro conversar.
No verão de 2020, ainda nem eu sabia que iria mudar de emprego, inscrevi-me no Lunchclub. Acreditem ou não, foi das melhores coisas – por mais simples que seja – que fiz o ano todo. Fazia 2 chamadas por semana, e, durante semanas a fio, fui falando com desconhecidos, de vários países, com várias experiências de vida e de carreira. Em chamadas de menos de 1h senti que consegui ajudar algumas pessoas e elas – definitivamente – também me ajudaram.
Mas como assim?
Estar 8 anos numa empresa, 7 deles na mesma equipa, em boa evolução, faz com que tenha confiança no que aprendi e desenvolvi ao longo dos anos. E partilho isso.
A dada altura, tive uma oportunidade à frente – para uma função nova e com muita responsabilidade – com gestão de pessoas e de produto à frente. E sim, pedi opiniões e conselhos sobre o que o futuro me reservaria a desconhecidos noutros fusos horários. Tive a sorte – e a inteligência – de ir trabalhando a forma como as ligações iam acontecendo para ter no meu caminho pessoas que me poderiam dar alguma luz sobre o que poderia vir a encontrar e algumas questões para me colocar sempre que visse a sua utilidade.
Ultimamente, não tenho conseguido manter as chamadas que fazia – porque não tenho tirado tempo da semana para o fazer. O tempo de trabalho, nesta fase, é de muito foco e resiliência sobre que ainda tenho que talhar; e o tempo fora de trabalho é da família ou até de estudo para o trabalho.
Se sinto falta? Sem dúvidas. Duas horas por semana para falar com alguém “surpresa” pode fazer-nos toda a diferença.
Na última chamada que tive, calhei de encontrar alguém que falou comigo abertamente sobre a gestão de pessoas e de motivações. Foi muito útil e, no dia em que isso aconteceu, fez todo o sentido. Também já tive outras chamadas em que falei de temas mais familiares e de outras coisas – e foi igualmente bem aproveitado.
Então e o resto?
Estamos a meio de janeiro de 2022 e posso dizer que não é fácil – por um lado, a minha cabeça parece insuficiente para a informação toda que tenho absorvido (mas sei que é mais do que suficiente, só precisa de ir tendo alguma organização sobre o que recebe) e, por outro, a vontade de me sossegar é enorme, face aos desafios.
Ponho sempre a minha fasquia bem acima da minha altura, corro para encontrar o que for necessário e vou “pescando” as pessoas para ter a ajuda de que preciso – e, no fim, se tudo estiver a equilibrar, há, de facto, uma visão do caminho.
Do tempo que tenho na semana, tenho tentado arranjar sempre alguma hora que seja para ler – seja sobre temas diretamente relacionados com o trabalho, seja pelo puro prazer da leitura. Até ver, melhor ou pior, tenho conseguido dar-me esse tempo.
Espero, a seu tempo, conseguir voltar a encaixar as chamadas do Lunchclub e outras interações mais direcionadas para a vida profissional, mas para já vamos seguindo com uma agenda que não estica assim tanto 😉
Por isso é que a imagem deste artigo é a de um céu, acima das nuvens – porque é um sítio (ou pensamento) onde encontro paz e, muitas vezes, a minha visão.