A saga “Isso é uma cirurgia estética”

Hoje vou falar de um tema que não é bonito, nem sexy, nem sequer desejado, mas que me pareceu ser um bom ponto para trazer a este espaço, já que aqui ninguém nos censura 😉

Ora bem, há já alguns anos que descobri que tenho uma coisa feia, escondida lá onde o sol não brilha, mas que na altura não me chateava muito, até porque estava bem escondida. Adivinharam o que é? Pois é, hemorróidas. Feiosas, mas escondidas. (Ok, estou a ser muito parcial aqui, porque eu nem as conseguia ver, por isso não me posso pronunciar sobre a beleza delas.)

Com a minha primeira gravidez e respetivo parto (que foi vaginal – ou normal, como lhe quiserem chamar), as amigas decidiram que já não queriam estar em casa e passaram a viver no exterior desde então.

Depois do parto, custou-me muito mais recuperar disso do que do parto em si. Envolveu muito Daflon, pomada (que se provou não ser minimamente eficaz), paracetamol para as dores e ibuprofeno para a inflamação. Já nem vos sei precisar quando tempo precisei de tomar o Daflon para haver um alívio permanente, mas foram semanas.

A recomendação, na altura do parto, pelo obstetra, foi ir ver o verdadeiro estado da coisa quando, no pós-parto, já houvesse uma estabilização (aliás, ainda grávida tinha tido essa recomendação). Entretanto, como tinha ideias de nos anos próximos engravidar novamente, a recomendação foi aguardar – fazendo a medicação sempre que houvesse necessidade. Assim o fiz. Veio a segunda criança e o segundo pós-parto e novo período de estabilização, e depois… Covid.

Pronto. Em 2020 foram várias as crises e em 2021 também já tive uma mais grave e então lá voltei ao tema com isto. Primeiro, falar à médica de família – marcar uma consulta no centro de saúde continua a ser um filme jeitoso, por isso acabei por ter a consulta no hospital privado antes da do centro de saúde, mas tudo bem.

Portanto, lá fui eu à CUF ver o que me diziam. O médico foi muito claro: “não devia ter deixado passar tanto tempo”, “agora isto é irreversível; só com cirurgia é que terá um alívio grande”, “até lá pode fazer a medicação, mas não vai voltar ao normal”. Fixe, portanto.

Entretanto, lá fui à médica de família e ela disse que não acha a situação urgente e como é incurável e não ser com cirurgia, que “é aguentar e fazer medicação”. E nem sequer me passou consulta para a especialidade.

Deixo aqui uma nota: Eu não tenho qualquer vontade de ser operada ao rabo, mas e me trouxe qualidade de vida, terá que ser. Continuando. Já vamos chegar à parte que deu o título a este artigo.

Antes de ir à consulta no privado, andei a ler e reler as condições gerais e particulares dos meus seguros e a tentar obter as respostas de que precisava pelas linhas de apoio, mas sem grande sucesso. Ao fim de muitas chamadas, lá consegui que me dessem algumas traduções de “segurês” para português corrente, sendo que nas condições gerais uma cirurgia destas estaria coberta e nas exclusões das condições particulares elas não constam. Menos mal.

Na consulta que fiz na CUF, o médico enviou o pedido de aprovação para a AdvanceCare (rede prestadora de uma das minhas apólices) ao qual a resposta veio que não teria acesso a preço especial, mas sim ao convencionado com o hospital. Segue documentação para o hospital me mandar os valores e respondem que tenho que pagar o valor total igual ao particular.

Nesta espera, torno a ligar para a segurada para questionar o porquê desta resposta – se calhar aquilo até estava claro, mas para mim é tudo muito complexo e eu gosto de saber o que estou a pagar. Ao atender-me, a rapariga pediu os dados do costume e disse-me que se fosse uma cirurgia estética, era normal não ter cobertura. Ao que disse que não seria esse o caso. Ela insistiu: “sabe, às vezes as pessoas não vêem certas cirurgias como cirurgia estética, mas são”. E foi aqui que disse que era para tirar as hemorróidas e que duvidava que esta fosse uma cirurgia estética. (Não tenham dúvidas: claro que não é.)

Ainda seguiu novo email para a seguradora a questionar os valores e a pedir para serem claros – no dia 3 de maio; aguardo ainda resposta.

O que me irrita nisto: não é ser caro, não é a rapariga estar a dar respostas sem conhecer o caso; é ser difícil ter acesso a uma informação que devia estar clara para o cliente. Power to the user!

Há alguém desse lado que saiba falar bem segurês? 😉 E alguém que tenha o mesmo problema que eu? 🙂

3 thoughts on “A saga “Isso é uma cirurgia estética”

    1. Bem se desespera enquanto se espera! 😐 Eu ainda sugeri isso à minha médica, até porque tenho antecedentes familiares de cancros na área intestinal e digestiva, mas ela nem fez caso.

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