Não sei quantas vezes ouvi dizer “não leves brinquedos para a mesa”, incluindo do nosso Pediatra (que, se estiver a ler este post é capaz de me puxar as orelhas na próxima consulta, mas eu aguento).
Só sei que, quando estamos no limiar da loucura e da depressão, tudo vale para que os nossos filhos façam aquilo que nós lhes pedimos sem reclamarem, berrarem ou desatarem nem pranto. Bem, tudo talvez seja exagero, mas quase tudo será próximo da verdade.
Lembram-se da birra para a sopa, certo?
Pois bem, uns ajustes aqui e ali, alguma paciência envolvida (estou a brincar… não foi “alguma paciência”, foi TODA!) e a coisa está bastante melhor.
Nós tínhamos tentado de tudo: deixá-la na mesa, simplemente, até desistir de levar a dela avante e comer; a negociar com ela tempo a brincar ou a ver um episódio do Mickey. O que funcionava num dia, não funcionava no outro e eu dava em louca enquanto o meu marido trabalhava (normalmente a hora do jantar é minha com as miúdas ou, pelo menos, começo-a eu e ele entretanto chega).
Até que, há um par de semanas, demos um livro com os alimentos e as refeições à Pipoca, na esperança de a acalmar antes do jantar (mal falávamos em ir jantar, como ela sabia que ia começar com a sopa, começava a berraria ou o “não” constante). Mais ou menos por essa altura, optámos, para me facilitar um pouco a hora do jantar, por não lhe dar sopa 3 ou 4 dias seguidos. Como ela ao almoço come sempre – e sem birra – no infantário, não senti que fosse propriamente grave fazer este teste, com um reforço do prato e da fruta à sobremesa.
Assim fizemos e no primeiro dia em que lhe voltámos a pôr a sopa à frente ao jantar a coisa correu bem. No dia seguinte voltou ao mesmo. Yay… 😒
Entretanto, demos-lhe o tal livro e ela gostou bastante dele (pro tip: tem o Mickey e a Minnie, as personagens favoritas dela). Um dos dias, tinha-o pousado na mesa da sala quando ela foi jantar e ela começou a pedi-lo (enquanto virava a cara à sopa) e eu disse-lhe que a deixava ver o livro se ela comesse a sopa. Comecei com “uma colher para abrirmos o livro” e “outra colher para virar a página” e a coisa fluiu. Agora ela já sabe como é e é comum antes de jantar espreitar para os livros que estão mais à mão e apontar para um para vermos ao jantar.
Tenho a dizer-vos que a hora do jantar é muito mais calma agora – pelo menos já não tem havido berraria, apesar de há 2 ou 3 noites ela não ter querido comer a sopa outra vez e ter ficado à mesa hora e meia a jogar ao sério com o prato até desistir. Não se preocupem, eu aqueci-lhe a sopa, ok? Duas vezes até (houve ali um falso alarme a meio).
Portanto, eu sei que pode não ser a melhor prática, mas diz-me o instinto que um dia isto vai passar e ela não vai precisar de livros para comer a sopa ao jantar. Se não arranjava uma manobra destas, desconfio que em meses ia envelhecer anos. Percebem? 😵