É frequente falar com as minhas amigas e colegas mães e cada uma mencionar o quão maravilhoso se sentem com a maternidade e como é algo fenomenal. Eu, para não dizer pior, digo que tem dias.
Vamos voltar novamente ao princípio de que todos adoramos os nossos filhos como se não houvesse amanhã e que, por eles, seríamos capazes de pôr o planeta Terra a fazer a órbita ao contrário. Temos esse pressuposto e depois temos as restantes verdades sobre o assunto.
Eis que temos então daqueles dias em que só nos apetece virar costas ao mundo e pôr uma placa de “Volto já” na nossa porta, porque já não temos força para mais. Verdade seja dita, tem-me sido cada vez mais comum. Preciso desesperadamente de voltar a trabalhar, de largar esta vida de casa em que me sinto inútil e a cada dia que passa.
Preciso de normalidade e rotina e de ser útil para a sociedade em vez de passar os meus dias à volta de biberões, fraldas e colinhos.
Não serei a única a sentir-se assim, como se tivesse morrido – ou no mínimo enterrado – uma parte de si, ao ponto de se sentir descaracterizada. É olhar-me ao espelho e não me encontrar.
Tem sido um ano desta maravilha que é a nossa vida, mas contraposto com sentimentos de perda enormes. Isto é tão extenuante para mim que tenho vontade de viajar sozinha. Deixar a vida de casa em casa e ir a qualquer lado por uns dias. Neste momento, metia-me em qualquer avião e ia.
Pior que tudo isto, é sentir que isto merece uma culpa imensa e que não sei se me vou encontrar novamente algures no caminho.
Um conselho? Alinhem o máximo que puderem com os vossos companheiros, porque desse máximo talvez consigam fazer o mínimo e daí retirem alguma vontade para viver melhor os dias.