O novo Coronavirus, SARS-CoV-2, ou Covid-19 para os amigos, trouxe à superfície a maior crise de estupidez que vi na minha vida. Já no ano passado, com a crise dos combustíveis, houve uma boa amostra; este ano, a população realmente dotou-se de esmero no que diz respeito ao desrespeito e à falta de noção.
No meio de tudo, não consigo descernir o que é melhor:
– a corrida ao papel higiénico (por favor, e como disse anteriormente, já agora comprem também Imodium, porque devem prever que a tripa ande solta e já ajuda);
– os congelados que desaparecem primeiro serem pizza, rissois, bolinhos de bacalhau e croquetes (vegetais não são a vossa cena, pois não?);
– o pessoal que reclama pela diminuição dos horários dos centros comerciais porque… Não sei bem porquê, na verdade;
– os “contabilistas da TAP e das agências de viagens” que garantem a pés juntos que eles deviam assegurar os custos das viagens porque têm imenso dinheiro e que as linhas de apoio (ou outros pontos de comunicação ao cliente) têm pouca gente nesta altura de propósito porque não querem atender as pessoas;
– aquelas pessoas que vi a comprar lixívia e desinfectantes sanitários para lavar as mãos, porque alguém acambarcou o álcool e desinfectante para mãos (eu ouvi várias pessoas a dizer isto, não foi só uma)… Lavem lá bem com lixívia ou CIF Remove Bolores e o vírus morre. Vocês se calhar também, mas isso às tantas faz parte da seleção natural;
– as pessoas que se queixam das prateleiras vazias nos supermercados, mas levam os carrinhos cheios (de papel higiénico ou não). Se existissem pacotes de noção nas prateleiras, poucos iriam ser levados, aposto;
– as grávidas que acham inadmissível o pai (ou o acompanhante designado não poder assistir ao parto ou ficar no quarto com elas ou ainda que não as possa acompanhar nas consultas e exame. Aconselho que se informem que já há pelo menos um caso de um récem-nascido infetado;
– as pessoas que acham que não receber 100% do salário nos dias em que ficarão em casa para cuidar dos filhos é incompreensível: eu percebo a situação} , não tenho culpa de que um vírus tenha vindo por aí fora e agora tenhamos todos que estejamos fechados em casa. Não tem graça nenhuma e a primeira coisa que vou comprar no fim disto tudo é tinta para os cabelos brancos. No entanto, pensem lá um bocadinho, um bocadinho só, e vejam as quebras em tudo quanto é setor e os tombos que as empresas levam. Recebem 66%, numa medida criada excepcionalmente, porque nem as empresas, nem a Segurança social têm capacidade para suportar tantos salários por inteiro. É chato e apertado, mas têm o emprego… Por enquanto;
– as pessoas que se queixam de que a linha do SNS 24 está entupido e que, quando atendem demoram muito tempo a passar as chamadas: antes de se queixarem disto, duas coisas simples. Primeiro, tinham mesmo necessidade de ligar para lá? Ou espirraram duas vezes e entraram em pânico agora têm menos duas folhas de papel higiénico a que limpar a boca? Tinham necessidade? Então, ok. Agora imaginem que o SNS 24 atende cerca de 1250 chamadas por hora por pessoal especializado. A capacidade já foi aumentada desde o início deste surto, pelo que estão em claro esforço durante a sobrecarga. São pessoas para quem a quarentena e isolamento não está a ser feita, assim como em muitos outros serviços de saúde, para vos atender. É fácil queixarmo-nos, não é?
Podia continuar, mas acho que dei uma boa ideia do ridículo que isto se tornou. Nem sequer cheguei à parte do pessoal que acha que isto é tempo para ir passear no shopping ou para ir à praia ou esplanada com os amigos.
Em vez disso, liguem às pessoas (sabem que os telemóveis também servem para fazer chamadas?), vejam uns filmes, leiam livros, pintem, arrumem os armários, façam um cronograma capilar, façam exercício, cozinhem… Qualquer coisa, menos terem diarreias mentais. Já chegam os dias normais para isso, não acham?
Posto isto, não me custa lembrar que devem lavar as mãos muitas vezes, não andar a fazer de lapa a outras pessoas e recatarem-se.
#StayTheFuckHome