Li uma notícia, há uns dias, sobre uma marca australiana de pensos higiénicos (ou “produtos de higiene feminina” se preferirem) foi altamente criticada por ter demonstrado o período como um líquido vermelho e mais viscoso, em vez daquela metáfora de tom azul celestial bem líquida que faz com que o fluxo menstrual pareça algo fresquinho nos Países Baixos.
Eu percebo o que leva a usar essa representação, mas não me choca minimamente que utilizem algo mais realista. Newsflash: nós sangramos durante dias e, sim, o nosso sangue é vermelho. Pode ser mais claro ou mais escuro, mas não é certamente azul claro.
Vejam lá os momentos “chocantes” ali por volta dos 45 segundos. (Mas aproveitem para ver o resto do anúncio e encontrem as diferenças com a vida real :P)
Se forem ver quais são os termos mais associados às pesquisas sobre menstruação, logo no top 5 temos “dor” e no top 10 “sangue” e “hemorragia”. Mais baixo aparecem pesquisas sobre “banho”, “roupa” e “desporto”. A amostra aqui é básica, claro, mas deve dar-vos uma boa ideia sobre o quão limitador pode ser a menstruação e quão intimidante se torna socialmente. Há formas diversas de lidar com isso, mas a verdade é que todos os anúncios que vemos sobre pensos e tampões são com miúdas jeitosas em calções curtinhos e justos, a fazer o pino e tudo o mais, por isso devia ser uma coisa maravilhosa.
Digo-vos: seria algo muito mais natural se fosse simplesmente bem aceite. Mas, quando até a publicidade realista é denunciada, vemos bem que ainda há um longo caminho a andar.
Foto: Asaleo Care / Libra