A Pipoquinha mais nova faz 4 meses hoje. São 4 meses de muitos sentimentos à mistura. Muitas alegrias, é certo, mas também muitas dores e dificuldades emocionais.
Esta segunda experiência de maternidade fez com que não queira nunca mais engravidar ou passar por algo semelhante. Podia ficar-se por aí, mas não. Ainda não estou a sentir-me 100% mãe, desta vez. Não é que não saiba que sou mãe ou que não cumpra, mas às vezes não é natural. É quase, mas ainda não é totalmente. Dizer isto pode causar choque e revolta, mas acreditem que não será maior do que o sentimento de culpa que fica deste lado.
Eu sei que isto veio da experiência traumática que foi para mim esta gravidez e o pós-parto que a seguiu. Por mim, acabou. Morro de pavor de engravidar outra vez.
Eu sei que, à medida que os dias passam, vou apaziguando esse sentimento de distância da minha filha e vou-me forçando a fazer coisas que são mais maternais. Podem não acreditar, mas eu não queria, de todo, pegar na minha filha em grande parte destes dias da minha licença. Quando ela chora, nem sempre é meu instinto ir acalma-la. Aliás, muitas vezes, o choro dela causa irritação, em vez de preocupação imediata. Agora, a tendência já se vai invertendo. Mas ainda é raro sentir aquele conforto dela quando dorme nos meus braços, perdendo-me a olhar para ela. Com a irmã, foi natural. Isto acontecia todos os dias. Deste vez, nem de perto.
E sabem o que é pior? É tão badalada a ligação natural entre a mãe e a cria – eu já tinha até passado por ela – que falar disto das primeiras vezes foi mais doloroso por sentir o julgamento do que por partilhar.
Mas não o deveria ter sido. E sei que há mais mães (e pais) desse lado a sentir o mesmo.
Um abraço a todos vocês, o sentimento é real, vocês não têm culpa e não são menos mães ou pais só porque esta ligação não veio naturalmente.