Aquele medo chamado ser pai (ou mãe)

Se houve coisa que eu aprendi com a maternidade é que não sabia o que era ter medo. Ter um medo constante, simultaneamente avassalador e controlável.

Sabia o que era assustar-me com algumas situações, mas não sabia o que era viver com um medo diário.

Não é um medo impeditivo, restritivo. É um medo que nos obriga a fazer frente à vida e à seguir em frente sem dar parte fraca, sem mostramos o quão frágeis somos quando fortes o parecemos.

Esse medo, quando identificado e controlado, é parte do ímpeto que nos faz querer ser melhor para os nossos filhos. É esse medo que nos faz ver onde está o perigo e sermos proativos quando se trata da segurança dos nossos pequenos. É esse medo que nos faz saudades quando eles estão longe.

É, na maioria das vezes, saudável. Vamos aqui meter o bom senso ao barulho e dizer que se tivermos pavor de tudo, nunca vamos fazer nada e não vamos ter felicidade nenhuma – vamos até criar infelicidade e miséria onde ela não existia.

Tinha uma colega de escola cujos pais tinham tanto pavor que algo lhe acontecesse que nunca a deixavam sair da escola fora do horário dela. Ir a visitas de estudo era um “não” peremptório e fazer torneios desportivos que implicassem deslocações a outras escolas nem pensar. Resultado: ela falsificava, por vezes, as assinaturas para poder ir e pagava os passeios com a semanada dela. 🤐

Um dia, foi apanhada. Disse que o medo que teve da reação dos pais não se comparava à tristeza de não participar nas atividades.

Voltamos ao medo que os pais sentem. É a existência desse medo que me faz, naturalmente, proteger as minhas filhas quando vamos na rua, não as deixar sozinhas em divisões com as portadas abertas, ou querer zelar pela privacidade delas. É ele que nos faz ir ver se estão a respirar enquanto dormem e se os narizinhos estão devidamente destapados.

Elas vêm em primeiro lugar se temos que marcar férias ou ir a algum lado. Elas e o conforto delas. Sei que nem todos somos iguais, por isso conto convosco para partilharem a vossa experiência.

Lia há dias num desses grupos de mamãs no Facebook que todas (TODAS!) as mães se sentiam mal e com medo no primeiro dia do infantário, fosse no primeiro filho ou no terceiro. Não consigo ver a que ponto vai esse medo de algumas pessoas, mas não lhes tiro legitimidade. (No entanto, se me perguntarem, quando a minha primeira filha foi para o infantário eu já estava a trabalhar, por isso o dia até correu, mas deixá-la de manhã foi difícil – sem lágrimas! Já da segunda, estou desejosa por que chegue o dia!)

Faz parte da parentalidade ter este medo. É natural. Mas não se deixem dominar por ele. 🙂

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