Podia alongar-me aqui e repetir que o dia do pai é todos os dias – porque o é – mas também não vejo mal em haver uma data mais celebratória.
Só quero relembrar, como tanta gente já o fez, que o pai não é só para as coisas “fixes” ou “de rapaz” que por aí andam. O pai também o é antes da criança nascer (apesar de não o ser formalmente, mas acho que vocês lá chegam). Sem pai não há criança (nem que seja um papá numa proveta, meus amigos).
O pai deve lá estar na gravidez – e quando já há crianças cá fora, ainda mais importante é este papel, digo-vos por conhecimento de causa! Ajuda que o pai entre no sistema das lides, do que será preciso para a criança (especialmente se for a primeira) e, acreditem quando vos digo que aqui não há “temas de mãe” ou “temas de pai”. Ajuda eles saberem o que são as nossas contrações, qual o plano no hospital, o que significam os nossos exames, o que nos ajuda e nos chateia, etc. E tudo isto começa bem antes da criança nascer.
Durante o parto, é quem nos está lá para agarrar a mão (e com sorte não ter as unhas todas cravadas como a minha anestesista teve). É também o tipo responsável por ir lá tirar umas quantas fotos à criatura cheia de sangue e gosma que acabou de sair de nós; nós não podemos, obviamente. Entre as pernas escancaradas ou a barriga aberta, alguma nos ocupa esse tempo, ok?
A partir daí é muita coisa do pai. Começam as rondas de acordar para amamentar (ou dar de comer seja de que forma for), mudar fralda, mudar roupa, dar banho, abanar, acalmar cólicas – e isto é só a criança.
Eu até tive uma recuperação rápida do parto, mesmo que com a episiotomia (comparados com as hemorróidas, gente, os pontos são uns meninos da creche, ok?), mas os primeiros dias não são para andarmos a correr e a saltar. Muitas vezes foi o pai quem me trouxe a comida à cama ou me ajudou no banho para não fazer demasiado esforço. Foi quem tratou das tarefas domésticas e quem mais ajudou na organização burocrática (tirar o cartão de cidadão, marcar as primeiras consultas, etc).
Claro que andam uns tempos para a frente, o pai vai trabalhar (a nossa licença super extensa é mesmo assim) e depois ficamos nós em casa sozinhas a maior parte do tempo. Mesmo aí, quem é que lida com a louca que esteve 10h seguidas com a criança sem conseguir ir esvaziar a tripinha ou pelo menos comer algo que não fosse pão? O pai, claro.
Os meses passam e a criança vai sendo mais independente, vai tendo outras necessidades. E aqui, vos digo, que se os vossos “little helpers” não foram tão presentes, então eu sou a sortuda da cidade.
As noites aqui são maioritariamente do pai. Primeiro, eu tenho um sono de morto e é difícil acordar ao primeiro choro. Acordo mais depressa com a bexiga do que com a pipoca. Shame on me, eu sei.
Os meses em que só vinha o cócó com ajudinha foram mais bem sucedidos graças ao pai, claro. e quando é preciso aspirar o nariz da pipoca, tudo fica mais limpinho quando é o papá.
Depois, é quem mais a arranja de manhã, porque eu entro mais cedo ao trabalho e assim despacho-me primeiro (nos dias mesmo bons ainda tomo o pequeno-almoço nas calmas).
E quando a pipoca está em dia de estrebuchar durante a refeição, como é que ela acalma? Com o pai, óbvio. Esqueçam lá o “ela esteve 9 meses dentro de mim, vai respeitar-me”… fiem-se na virgem, vá.
Claro que nada disto é preto no branco e há dias para tudo.
Agora, na segunda gravidez, em que temos tido alguns precalços e me sinto mais cansada, há tarefas que quase foram delegadas para o papá. Louvo-lhe o esforço e sei que nos anos seguintes vou pagar bem, mas vale a pena 🙂
Remato aqui que pai não é só quem concebe a criança, mas quem lá está como companheiro e amigo. Às mães que não têm o apoio do pai – ou que o têm de uma forma menos tradicional ou presente – todo o meu apoio! 😉
~a
Não desfazendo tudo o que é dito acima, acrescente-se que o dia do pai é só para nós sentirmos de uma forma mais egoista aquela alegria de termos filho(s) e poder ter atenção dedicada a nós. Porque o dia do pai é todos os dias, porque todos os dias amamos os nosso filhos 🙂
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Eu concordo e acho que é uma boa forma de o fazer 😉
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