Este é daqueles dias que existe para que a luta das mulheres por igualdade no tratamento e pelo respeito comum não seja esquecida nem travada.
A origem remonta ao início do século passado, com um primeiro ajuntamento numa manifestação feminina pelos direitos no trabalho e pela igualdade dos direitos civis (nomeadamente pelo direito ao voto) em 1909, em Nova Iorque, mas sem que ainda houvesse a designação de “Dia Internacional da Mulher” nem data fixa.
Esta luta das mulheres tomou força em vários países europeus, e, em 1910,em Copenhaga, sugeriu-se a celebração anual do Dia da Mulher. O dia marcado acabou por ser 8 de Março, por ser o dia correspondente a uma manifestação feminina anual contra a pobreza, na Rússia. Mais concretamente, em 1917, neste país, foram organizadas manifestações de trabalhadoras pedindo melhores condições de vida e trabalho e opinando contra a entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial. As trabalhadoras tiveram o apoio de operários diversos, e a força da repressão policial acabou por precipitar a Revolução de 1917 (Revolução de Fevereiro).*
A partir daí, a data foi instituída como Dia Internacional da Mulher pelo movimento internacional socialista. Em 1975, o dia foi instituído pelas Nações Unidas.
A história serve apenas para nos lembrar, levemente, de que ainda não há igualdade, mas que, simultaneamente, já há muita igualdade.
Quero com isto dizer que, foi graças a mulheres lutadoras que conseguimos o direito (e dever!) ao voto, o direito ao trabalho remunerado e sem discriminação de funções, o direito ao acesso à informação, à formação e aos serviços, etc.
Não sou daquelas mulheres que vê em cada homem um inimigo, mas sou daquelas que vê que quando uma mulher chega a CEO de uma grande empresa a notícia é que uma mulher é CEO e não que a pessoa que é CEO tem as competências para tal.
Felizmente, hoje em dia e falando do nosso país, já temos casos a abrir caminho. E quem diz CEO, diz outra função qualquer, profissional ou não.
Pessoalmente, ligo pouco a flores, e celebrações assim, só porque marca o calendário. Mas convém que o dia continue a existir para nós estarmos todos cientes desta jornada. Assim, aproveitei a ocasião para vir contar um pouco da história.
Tu, que és mulher, não tens que ser empregada de limpeza.
Tu, que és mulher, não tens que ser a cozinheira da casa.
Tu, que és mulher, não tens que ser casada.
Tu, que és mulher, não tens que ter filhos.
Tu, que és mulher, não tens que sofrer mais dores por vergonha ou receio de um julgamento.
Tu, que és homem, não tens que ser pai, marido ou chefe numa empresa.
Tu, que és homem ou mulher, deves, sim, ser a pessoa que te identifica e faz feliz, com respeito e dignidade.
* A data da principal manifestação foi a 8 de março de 1917 no calendário gregoriano (23 de fevereiro pelo calendário juliano), daí ser a Revolução de Fevereiro.