Mamã, dá licença?

Se eu ganhasse um euro por cada vez que, desde que engravidei, me disseram “Vais precisar de um carro novo” ou “Vais ter que comprar um carro maior”, digo-vos que podia tirar umas férias gordas sem me chatear muito.

A sério, todos os dias ouvia estas frases e o que é certo é que até ver ainda nem sequer tive curiosidade em ver preços de carros novos.

Sim, eu tenho um carro pequeno, mas não é assim tãaaaaao pequeno. Hoje em dia pensamos muito materialmente. Nós somos matéria, eu sei, mas devia ser essa a parte material fundamental para nós em vez de estarmos sempre a arranjar forma de gastar mais em coisas físicas que não são assim tão necessárias.

Cabe tudo no meu carro, às vezes depois de um pequeno momento MacGyver, mas cabe. Mas isto parece ser especialmente surpreendente quando me vêem a pôr as rodas do carrinho na mala de um Hyundai i10. Parece que estou num circo, e eu sou o elefante: gente que para a olhar e que, aposto que secretamente apostam consigo mesmas que eu sou azelha por estar a tentar tal manobra e que vou acabar com o carrinho da miúda no tejadilho do carro.

Digo-vos, cabem lá as rodas e ainda posso ir comprar as mercearias que também lá cabem.

Quando vêem que afinal a miúda até percebe da poda, ficam com um olhar de quem acabou de presenciar uma proeza. Nesse momento, sinto-me qual atleta olímpico acabado de bater um recorde mundial. Ou não, porque afinal não é assim uma proeza tão digna de menção.

E cena assim altamente para todos os espetadores que tenho tido ao longo destes meses: e se, assim na loucura, em vez de ficarem parados como burros a olhar para um palácio, me fossem ajudar? Ou isso, ou então dediquem-se a outro passatempo, senão vou começar a cobrar bilhete.

 

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