Vocês sabem: ser mãe ou pai é um trabalho a tempo inteiro, e conciliar a vida profissional com a familiar pode ser um verdadeiro desafio, especialmente quando se muda de emprego e as rotinas são completamente alteradas. Disse-vos há dias que ia começar num novo emprego e, como podem imaginar, houve toda uma ansiedade à volta disso.
Tivemos que nos adaptar a um horário meu ligeiramente diferente (agora entro às 8h30), e eu ando a habituar-me a um novo ambiente, à distância, já que trabalho em modo remoto agora, e a novas responsabilidades.
Eu espero que esta mudança acolha o melhor de dois mundos: uma evolução profissional e mais algum tempo para a família.
Não me parece que esteja sozinha nisto: quem, desse lado, nunca sentiu culpa – ou pelo menos alguma dificuldade – por não poder passar tanto tempo com os vossos filhos? Por fazer tudo a correr de manhã, sempre de olho no tempo, porque senão é um atraso geral? Por sair a correr do trabalho para os ir buscar à escola, a tempo de não serem os últimos a sair?
O tempo, sempre o tempo a dar-nos cabo do juízo! E depois de todo o dia de trabalho e da correria, ainda temos que chegar a casa e ter sempre coisas para fazer?
E foi também por aqui que decidi aceitar esta proposta. Pelo caminho tive várias, mas nenhuma me dava tempo mais equilibrado, para melhor conciliar a vida profissional com a pessoal – acreditem que não foi fácil dizer que não a algumas propostas, mas pesando tudo, só iria mudar para algo que preenchesse todos ou praticamente todos os requisitos que procurava. Além disso, foi algo discutido em casa, para que houvesse um entendimento geral sobre a mudança.
Depois disto, vem a fase da ansiedade e todas as questões que nos assolam, seguida pela comunicação da decisão a várias pessoas, e pela passagem de trabalho (se houver), até que, finalmente, se dá a saída e a mudança. Idealmente, com um par de semanas de férias pelo meio, coisa que, no nosso caso, não foi possível, mas deu para ter uma semana e aceitamos o que tivemos de bom grado. Sobre essas mini-férias vou falar noutro artigo 🙂
O que é que foi mais importante para mim nesta mudança?
As necessidades serão diferentes para cada família e para cada pessoa, mas para mim, uma mudança de emprego teria que responder aos requisitos abaixo:
- Permitir-me crescer na carreira: não necessariamente passar para a função a seguir, mas aprender mais no trabalho que faço, evoluindo e tornando-me melhor;
- Conhecer um novo negócio;
- Sentir que haverá valorização pessoal e profissional durante o tempo em que lá estiver;
- Ter flexibilidade no meu horário de trabalho, ganhando tempo (de preferência ao fim do dia);
- Diminuir as deslocações (principalmente de carro);
- O salário ser competitivo;
- Ter a possibilidade de trabalhar mais dias remotamente.
Até ver, com pequenos ajustes, está a ser interessante poder levar as miúdas a pé de manhã, e ir buscá-las ao fim do dia também a pé, e ainda ter tempo para fazer alguma coisa.
O que mudou deste lado?
- Modelo de trabalho:
- A primeira mudança é passar a trabalhar remotamente todos os dias, à exceção de duas quartas-feiras por mês, que é o dia no escritório. Ou seja, nos últimos anos passei de um modelo que sempre foi totalmente presencial, para remoto (Covid-19), para híbrido (2 dias no escritório, 3 em casa), para supostamente híbrido, novamente completamente presencial (porque estava a gerir uma equipa, mas, na verdade, estava toda a gente em casa), para um ligeiro híbrido (1 dia em casa, 4 no escritório), para totalmente remoto.
- Isto obviamente vai das funções e das preferências de cada um, mas eu prefiro ter alguns dias em remoto porque me dá para tratar de algumas tarefas que requerem maior concentração, ao mesmo tempo que consigo fazer alguma coisa em casa, durante a hora de almoço, por exemplo.
- Ter dias em remoto permite-me também não gastar em gasolina, nem ter que conduzir.
- Empresa estrangeira:
- A empresa para que trabalho agora não é portuguesa, é do Reino Unido (Inglaterra). Como não têm sede fiscal cá, o processo de contratação passa por uma empresa especializada nisso, com sede fiscal em Portugal.
- O meu dia é passado a falar em Inglês, apesar de ter algumas pessoas cá, e é o dia praticamente todo no Teams, em chamada.
- Horários
- Como disse acima, tenho agora um horário ligeiramente diferente. Depois de anos a fio (mais de 10) a fazer das 9h às 18h, às vezes com 1h30 para almoçar, passei a trabalhar das 8h30 às 17h30, com 1h para o almoço (das 12h30 às 13h30).
- O horário de entrada é tranquilo, porque dá na mesma tempo para ir levar as miúdas e depois tomo o pequeno-almoço quando chego a casa; no entanto, já não estava habituada a ter 1h para almoçar e muito menos tão cedo 😅
- Por outro lado, é muito porreiro sair às 17h30!
A importância da organização
É fundamental haver comunicação sobre estas novas rotinas, porque não afetam só o nosso dia. A minha sugestão é, se conseguirem, planearem a um nível macro a vossa semana com antecedência, mas também com flexibilidade. Façam uma lista de tarefas e definam prioridades, mas sejam flexíveis e estejam preparados para imprevistos.
Durante esta semana, metade das coisas que queria fazer ficou pelo caminho, mas são as coisas que não são importantes e que posso fazer noutro dia. Sei que estão na lista e sei que vão ser feitas.
Noutro nível, eu canso-me de cozinhar, de ter que pensar em refeições, mas também não sou fã de estar sempre a comprar no take-away ou de fazer refeições nutricionalmente fracas 7 dias por semana. Fico a matutar nisso, honestamente. Então tenho uma lista de receitas para os jantares do mês – para poder comprar as coisas com calma – sem dias marcados, para ter ideias do que fazer. Tem sido uma grande ajuda e tem-me posto também a fazer pratos um pouco diferentes.
Como a mudança em si pode gerar períodos de ansiedade e stress, estas pequenas organizações ajudam no dia-a-dia.
Conclusão: Encontrar o Equilíbrio Perfeito
Ser mãe ou pai é um trabalho árduo e gratificante, mas conciliar a vida familiar com a profissional pode ser um verdadeiro desafio. Mudar de emprego e de rotinas pode ser ainda mais difícil, especialmente quando se passa para um modelo de trabalho diferente.
No meu caso, a mudança para um novo emprego significou um novo modelo de trabalho, com a maioria dos dias em remoto, um novo horário e a necessidade de comunicar em inglês, que tem positivos e desafios. Há aqui um período para me adaptar a todas essas mudanças, mas com o tempo e organização, vou encontrar o meu ritmo.
Para conciliarem a vida familiar com a profissional, é fundamental ter uma boa comunicação com a família e colegas, ser organizado e flexível, e estabelecer limites claros entre o trabalho e a vida pessoal. Também é importante sentirem-se felizes nos vários prismas.
Dicas rápidas para conciliar a vida profissional com a familiar:
- Comunicação: Comuniquem com o vosso parceiro, família e amigos sobre as novas rotinas e sobre as motivações e objetivos.
- Organização: Planeiem a vossa semana com antecedência e definam horários específicos para algumas tarefas.
- Flexibilidade: Sejam flexíveis e estejam preparado para imprevistos.
- Delegação: Não tenham medo de delegar tarefas.
- Tempo de qualidade: Passem tempo de qualidade com a vossa família, mesmo que seja por pouco tempo.
- Cuidem de vocês: Não se esqueçam de cuidar de vocês! Tirem um tempo para relaxar e recarregar as baterias. Se saem mais cedo, aquele espacinho pode ser para vocês desligarem ou tomarem um banho, por exemplo.
Lembrem-se:
- Vocês não estão sozinhos! Muitas mães e pais passam pelas mesmas dificuldades que vocês.
- Não há uma fórmula mágica que funcione para todas as pessoas: o importante é encontrar o que funciona melhor para vocês e para a vossa família.
- Sejam pacientes convosco e com a vossa família. As mudanças levam tempo para se adaptarem.
Espero que este artigo tenha sido útil para vocês. Se tiverem alguma dúvida ou sugestão, deixem um comentário abaixo.
